“A cidade de Bello Horizonte, realmente, para ter o traçado da regua e compasso que lhe emprestam – necessita de preservar conservando, o que nos legou a C.C.N.C. – O traçado das ruas construídas, em que se admitte um magnífico parallelismo, vae em alguns casos bem de encontro a tal supposição. Na parte construída da cidade, raro é o cruzamento com 90° e quanto aos alinhamentos, olho nú, como aqui na Av. João Pinheiro, descobrem-se casas para dentro e para fora da rua”. Otacílio Negrão de Lima, Chefe da Seção de Cadastro em relatório de 1924.


Cafua que existiu nas proximidades da área central de Belo Horizonte, no sopé da Serra do Curral.
Fonte: APCBH Coleção José Góes/ arquivo Curraldelrey.com

Belo Horizonte tinha cerca de 55.000 habitantes na virada da Década de 1920. A capital ainda sofria os reflexos da crise causada pela Guerra. Mesmo assim ela cresceu em média 10% ao ano na primeira metade da década. A Prefeitura, diante desse notável crescimento viu-se obrigada a aumentar cada vez mais os investimentos em infra-estrutura urbana ao longo da década mesmo ainda sofrendo com os altos preços dos materiais e com a falta de mão de obra para a execução dos serviços.

Foi concluída no ano de 1920 a nova Planta Cadastral de Belo Horizonte, a primeira feita desde 1895 e que já estava totalmente desatualizada e ainda usada até essa época! Essa demora de mais de vinte anos para se fazer uma nova acarretou sérios problemas no que diz respeito à abertura de ruas e ocupação dos lotes na Zona Urbana e principalmente na Suburbana aonde os lotes eram maiores. A Comissão Construtora executou apenas uma parte da Planta da nova capital e na medida em que a cidade se expandisse, as outras Seções Urbanas e Suburbanas que estavam na Planta seriam construídas. Nesse ínterim o traçado urbano sofreu sucessivas modificações até a sua finalização em meados dos anos 40.
Nesse período a cidade ainda era um canteiro de obras conforme as palavras do Engenheiro João Gomes em seu relatório de 1920:

”Bello Horizonte é e ainda será por muito tempo uma cidade em construcção e, assim, precisa de recursos mais avultados para que possam ser atacados vários serviços de urgência, todos tendentes ao desenvolvimento da cidade, como a construcção de galeria de esgotos, a ampliação da rede de água, a construcção de mais reservatórios, abertura de novas ruas, calçamento e retificação e canalização de córregos em vários pontos (...)”.

Como se verá adiante esses serviços foram priorizados pela Prefeitura ao longo da década e permitiu a expansão para as outras Seções Urbanas, conforme projeto da CCNC. Para se ter ideia da falta de critérios na abertura de ruas e quarteirões a Avenida Paraúna apresentava na década de 20, na altura da antiga Praça Sete (Praça ABC) um desnivelamento de cerca de dois metros entre o passeio da praça e a Avenida Afonso Pena. Já a Avenida do Contorno, Carandaí e parte da Avenida Araguaia foram projetadas para ter cerca de trinta e cinco metros de largura, mas em 1920 tinham apenas cinco metros de largura devido à existência ai de um lote irregular “vendido” pela Prefeitura no inicio do Século. Nesse caso a Planta cadastral foi simplesmente ignorada. Devemos lembrar que a Avenida do Contorno só foi totalmente regularizada no inicio da década de 40.
A prematura extinção da Comissão Construtora da Nova Capital foi sentida a partir do momento em que se retomaram os estudos para se realizar um novo cadastro da cidade. Quando da criação da Seção de Cadastro em 1922 a falta de dados era tão grande que a Seção resolveu reutilizar os vértices da planta geral da CCNC para elaborar uma nova planta¹. 


Rua Pernambuco, na esquina da Avenida Afonso Pena em 1928.
Fonte: APM

A cidade recebeu em Outubro de 1920 a visita dos reis da Bélgica e como acontece até os dias atuais Belo Horizonte foi “maquiada” para que os soberanos tivessem a melhor impressão possível da capital. A Praça da Liberdade foi remodelada, o calçamento de diversas ruas consertadas e os sobrados e os edifícios públicos pintados. Melhorias que muitas vezes até melhoram a qualidade de vida da população, mas que infelizmente, na maioria das vezes são feitas somente para o bem estar de uma classe privilegiada.
Em 07 de Agosto de 1920, um pouco antes da visita dos reis é lançada a pedra fundamental nova estação, pois a antiga já não comportava o volume de carga e de passageiros. Inaugurada em Novembro de 1922 ela se consolidou como a porta de entrada para a capital durante muitas décadas.
O Mercado Municipal estava ficando pequeno por causa do aumento da demanda de víveres e de outros produtos comercializados. Percebendo o seu esgotamento a Prefeitura em 1922 permuta com o América F.C. o terreno aonde havia sido construído o seu estádio, no quarteirão compreendido entre as Avenidas Amazonas e Paraopeba por um terreno na Avenida Araguaia, dentro da área do Parque Municipal. As obras só tiveram inicio em 1926 e o novo Mercado foi inaugurado em 1929. No bairro Funcionários, após vários pedidos feitos pela população desde o inicio do Século foi finalmente construído em 1923 o Mercado destinado a atender essa parte tão importante da Zona Urbana e que se localizava na Rua Paraíba, nas proximidades da Rua dos Aimorés. Esse Mercado funcionou por pouco tempo e teve as suas portas fechadas pouco tempo depois de inaugurado, talvez por causa da melhoria do transporte público, que encurtou o trajeto entre o bairro e o Mercado Municipal.
O Matadouro municipal que se localizava nas margens do Ribeirão Arrudas, nas proximidades do local onde atualmente está sendo construído o Shopping do América não atendia mais as normas de higiene e de salubridade, visto que a cidade se expandia cada vez mais em sua direção. Diante desse problema e do aumento do consumo de carnes que o sobrecarregou pois ele havia sido projetado para uma população de 80.000 habitantes a Prefeitura resolve em fins de 28 construir um novo Matadouro Modelo, maior e mais afastado da área urbana.

Rua São Paulo no cruzamento com a Avenida Afonso Pena. À direita foi construído poucos anos depois o Edifício Ibaté, o primeiro da capital.
Fonte: APM

Obelisco da Praça 7 e ao fundo o prédio do Banco Pelotense que deu lugar anos mais tarde ao edifício do Banco Mineiro da Produção.
Fonte: APM

O bairro operário, projetado para ocupar o antigo pasto da Prefeitura, nos bairros Lagoinha e Floresta estava estagnada no inicio da decada, vindo a surgir apenas em 1927 com a denominação de Vila Concórdia, sendo que os seus primeiros moradores vieram da 8ª Seção Urbana, correspondente a região do Barro Preto, que então adensava-se a passos largos e as cafuas ai existentes foram derrubadas, devido a essa expansão. A criação desse bairro Operário obrigou a Municipalidade a expandir os serviços básicos para a região. Já existia cerca de 400 operários residindo na área de forma precária, com o acesso a água, luz e esgotos restritos.
Em 1920 foi cogitada a construção de uma Caixa D’água no alto do Menezes para o abastecimento dessa região e do Carlos Prates. No decorrer da década ela se tornou inevitável, tendo inicio as obras em 1924 e concluído em 1927. O Reservatório foi o primeiro da capital a ser construído em concreto armado.

Obras para a instalação de filtros do sistema Reisert no Reservatório do Cercadinho, atual sede da Copasa na Rua Carangola.
Fonte: APM

Como já foi dito nas publicações referentes aos anos 20 a pavimentação das ruas e avenidas foi intensificada pela Prefeitura, assim como a abertura de ruas e avenidas previstas na Planta de 1895. Foi o período em que se regularizou a Avenida Cristóvão Colombo, no trecho atualmente denominado Bias Fortes, Ruas Espírito Santo e Rio de Janeiro entre outras. A partir da segunda metade da década as principais ruas da Zona Urbana tiveram seu calçamento substituído por novos paralelepípedos ou mesmo pavimentadas.
Data dessa década e a construção de um dos ícones da arquitetura de Belo Horizonte: A Ponte Melo Viana, depois denominada Viaduto de Santa Tereza Os estudos começaram em 1924 pois:

“Tornou-se inevitável esta obra, visto a ponte metallica existente no local estar deslocada para a margem esquerda cerca de seis metros de sua verdadeira posição em relação ao canal, não permittindo proseguir-se no revestimento das margens daquelle Ribeirão”. 

As obras tiveram inicio em 1926 financiada pelo Governo e os serviços ficaram por conta da EFCB. O viaduto era estratégico para a ligação da área central com os bairros Floresta e Santa Tereza, uma das áreas que mais se expandia na Zona Suburbana. Como lemos na citação acima a antiga ponte metálica era um entrave para a canalização do Arrudas, paralisada exatamente no local da antiga ponte. A construção da nova ponte possibilitou a canalização e a continuação da Avenida do Canal, como veremos mais adiante. Projetada pelo Engenheiro Emílio Baumgart em estilo Art-Déco ela foi inaugurada em 1929.

Calçamento da Avenida Cristovão Colombo em frente ao Palacete Dantas.
Fonte: APM

Calçamento da mesma Avenida, no cruzamento com Rua Alagoas.
Fonte: APM

Viaduto de Santa Tereza após sua inauguração.
Fonte: APM

Em 1927 foi concluído a terraplenagem da Praça do Cruzeiro planejada pela CCNC, mas realizada trinta anos depois de extinta a mesma Comissão no local que deveria ter sido erguida a nova Matriz da Boa Viagem.

Terraplanagem da Avenida Afonso Pena e Praça do Cruzeiro em 1928.
Fonte: APM

Foi também realizado nessa década o aterramento da Rua da Bahia entre Antônio de Albuquerque e Emboabas. Parte do terreno que ai existia, projetado pela Comissão Construtora para ser o Jardim Zoológico e que nos anos 20 não passava de uma “barroca” foi então transformado em Parque denominado Santo Antonio. O Córrego do Mendonça que nascia na Encosta do Ilídio e atravessava a área do Parque nas proximidades da Garganta do Ilídio foi então canalizado e o seu antigo leito aterrado para a regularização dos quarteirões do bairro de Lourdes, extremamente importantes para a Prefeitura devido o seu alto valor econômico.
A canalização do Córrego da Lagoinha era estudada desde o inicio da década. Em fins de 1927 resolve se abrir uma avenida sanitária ao longo do Córrego para facilitar a implantação da rede de esgotos de todo o local. A área desapropriada para tal finalidade ia da Avenida do Contorno a Rua Formiga.

Canalização do Córrego do Mendonça na Rua Levindo Lopes.
Fonte: APM

Na segunda metade da década começava a surgir um problema bem conhecido atualmente: as subdivisões de grandes terrenos, geralmente sítios ou fazendas que faziam parte do cinturão verde de Belo Horizonte. Os proprietários aproveitavam-se das lacunas que existiam na legislação vigente na época e iam criando Vilas, muitas delas tão distantes do centro da capital que só receberam os serviços de água, luz e transportes muitos anos mais tarde. Só no ano de 1928 foram aprovadas 47 subdivisões, criando no total 1.156 quarteirões e cerca de 14.900 lotes². Sobre isso o engenheiro Jefferson Baleeiro escreveu em 1927 que as áreas subdivididas para a formação das Vilas eram quatro vezes maiores do que as divisões nas áreas urbana e suburbana. A cidade se dispersava ao invés de se concentrar exclusivamente nas imediações da Zona Urbana.
As Vilas se tornaram atraentes e disputadas, principalmente pela população de baixa renda devido ao baixo custo para aquisição dos lotes. Essas vilas agregadas ao plano da capital contribuíram para o aumento do perímetro urbano ainda na década de 20. Podemos citar as Vilas Santa Terezinha, Santos Dumont e Esplanada como exemplo de vilas surgidas nesse período.
A partir de 1925 Belo Horizonte ultrapassou a marca de 80.00 habitantes. Esse aumento refletiu por toda a cidade no que diz respeito ao aumento de construções. Na imagem abaixo podemos ver o numero de construções realizadas entre os anos de 1924 e 1928. A Zona Suburbana apresentou um crescimento de cerca de 250% entre os anos de 26 e 27. Já o crescimento da Zona Urbana teve um pequeno acréscimo no período. Já as ex-colônias o crescimento foi sensivelmente maior entre os anos de 1924 e 1927 e em 1928 já apresentou um aumento de cerca de 50%, em grande parte devido aos novos loteamentos que deram origens as vilas. Daí pode-se concluir que a malha urbana de Belo Horizonte não cresceu do centro para a periferia e sim da periferia para o centro, pois enquanto a zona suburbana se expandia cada vez mais para a periferia, agregando em pouco tempo as vilas a zona urbana ainda apresentava imensos vazios, como ilhas em meio à massa de casas e ruas já estabelecidas.

Gráfico mostrando o número de novas construções nas Zonas de Belo Horizonte entre os anos de 1924 a 1928.
Fonte: APCBH/Relatório do Prefeito Christiano Monteiro Machado,1928.

A outra imagem nos apresenta o total de projetos aprovados para a construção nas ditas zonas, também datada de 1927. Na Zona Urbana é notável o crescimento da 8ª Seção, correspondente ao Barro Preto, nova área de expansão da zona urbana devido a abertura de ruas que facilitaram a comunicação dessa parte da cidade com a área central. Já na Zona Suburbana as áreas de maior crescimento foram as 6ª e 7ª Seções, correspondentes aos bairros de Santa Tereza, Floresta e Concórdia.

Gráfico mostrando o total de projetos aprovados nas Seções Urbanas e Suburbanas de Belo Horizonte no ano de 1927.
Fonte: APCBH/Relatório do Prefeito Christiano Monteiro Machado,1928.

Na virada dos anos 30 Belo Horizonte já havia ultrapassado a marca dos 100.000 habitantes. Desde a inauguração até o inicio dos anos 20 o desenvolvimento da capital foi pequeno, exercendo função quase só administrativa. A área central estava praticamente toda ocupada, a exceção de alguns lotes e o bairro Funcionários era o bairro residencial mais adensado da Zona Urbana. A população estava espalhada em grande parte nos limites da Contorno e as Vilas pululavam, mesmo não estando totalmente integradas à malha urbana.
O embelezamento da cidade havia sido intensificada, principalmente nas imediações da Estação Ferroviária. A Praça Ruy Barbosa, criada em 1925 com seus leões em mármore era o ícone do embelezamento da capital para os olhos de quem chegava pela nova Estação Central. Podemos citar também o monumento comemorativo da Independência na Praça 14 de Outubro, rebatizada como Praça Sete de Setembro. Esse monumento marca o inicio da consolidação da Praça como a centralidade de Belo Horizonte, se tornando a principal referência do centro urbano nas décadas seguintes.
Os primeiros arranha-céus anunciavam uma nova era, a era do concreto armado que possibilitou o surgimento de novos estilos arquitetônicos e desencadeou o inicio da substituição das primeiras construções residenciais da capital. A estrutura em concreto armado do Viaduto de Santa Tereza é o exemplo do inicio das monumentalidades que surgiram na área central a partir dos anos 1930.

Rua Cláudio Manoel e bairro Funcionários sendo notória a arborização da região. A arborização de ruas e avenidas foi uma das prioridades da Prefeitura na década de 20.
Fonte: BH Nostalgia

Vista da Zona Suburbana de Belo Horizonte em 1928. À direita a Igreja de Nossa Senhora da Conceição na Rua Além Paraíba. Ao fundo a antiga Colônia Carlos Prates vendo-se a acelerada expansão urbana que se iniciou à partir de 1925.
Fonte: APM


* Sobre a década de 20, recomendo a leitura do artigo O embrião metropolitano: o poder público e a produção do espaço em Belo Horizonte na década de 1920 apresentado no I Encontro Nacional de Geografia Histórica.

¹ Abordei de forma sucinta a criação dessa Seção, de extrema importância para a regularização da capital. Para saber mais sobre os trabalhos da Seção de Cadastro consultar o Relatório de 1922 do Prefeito Flávio Fernandes dos Santos, entre outros relatórios.
² Extraído do Relatório do Prefeito Christiano Monteiro Machado de 1928.
³ Posteriormente abordarei esse assunto.
Trabalhos de pavimentação da Avenida Mantiqueira nos anos 20.
Fonte: APM

Na foto acima vemos os trabalhos de pavimentação da Avenida Mantiqueira, atual Alfredo Balena na década de 20. A foto, tirada em frente a Praça Hugo Werneck corrobora as palavras do Engenheiro João Gomes em 1920, afirmando que "Bello Horizonte é e ainda será por muito tempo uma cidade em construcção". As obras de calçamento e pavimentação da cidade foram intensificadas nos anos 20 pois o crescimento populacional forçou a Prefeitura a investir mais nesses serviços. Diversas ruas e avenidas das áreas urbanas e suburbanas foram pavimentadas, calçadas e mesmo cascalhadas.
Nota-se ainda que parte da via estava obstruida devido aos materiais depositados para a execução dos serviços. À esquerda a antiga Avenida Paraibuna, atual Bernardo Monteiro e suas casas residenciais. As casas remanescentes dessa época foram refuncionalizadas para atender a demanda comercial da região hospitalar atualmente.

Avenida Mantiqueira logo após a conclusão de sua pavimentação. A esquerda parte da Praça Hugo Werneck.
Fonte: APM
Praça 15 de Novembro em obras.
Fonte: APM

Dando seqüência às publicações relacionadas com as melhorias urbanas que ocorreram em Belo Horizonte nos anos 1920 hoje postamos as fotos da Praça 15 de Novembro, atual Hugo Werneck, construída no encontro das Avenidas Mantiqueira e Araguaia. A Praça, projetada pela CCNC foi construída em uma das quatro arestas chanfradas do primitivo Parque Municipal projetado por Aarão Reis sendo atualmente a única existente em conformidade com a Planta Cadastral de 1895.
Na primeira foto vemos um pequeno trecho das Avenidas, batizadas posteriormente de Alfredo Balena e Francisco Sales além da Rua Padre Marinho. Podemos ver ainda as mangueiras existentes atualmente ao longo da Avenida Alfredo Balena e os trilhos dos bondes em evidência devido ao serviço de pavimentação da via e mais ao fundo a Maternidade Hilda Brandão.
Na foto abaixo vemos que as obras realizadas na Praça e nas vias já se encontravam concluídas, com a Praça regularizada e suas árvores podadas. Ao fundo a Serra do Curral nas imediações do Pico Belo Horizonte.
O mais notável é que atualmente é uma das Praças mais arborizadas dentro do Perímetro da Avenida do Contorno, na verdade um remanescente da época em que a Municipalidade priorizava e incentivava o plantio de árvores por toda a cidade e a população zelava pela sua conservação.

Calçamento das vias e regularização da Praça concluídos.
Fonte: APM

Construção da Ponte de concreto armado da Rua Rio de Janeiro sobre o Ribeirão Arrudas.
Fonte: APM

As pontes sempre tiveram grande importância na história da humanidade para a transposição de rios, vales entre outros obstáculos, naturais ou não. Elas tiveram e ainda tem um papel importante na comunicação entre as primeiras aglomerações humanas na Antiguidade e para a defesa do território, conforme relatos de algumas batalhas da Idade Média. Posteriormente as pontes, juntamente com a evolução dos transportes e das comunicações influenciaram todo o espaço-tempo dos núcleos urbanos, acelerando o seu crescimento, a interação e a comunicação entre eles.
Geralmente as pontes são construídas de acordo com a arquitetura vigente no período da sua construção. Na foto acima vemos uma das pontes de concreto armado que foram construídas sobre o Ribeirão Arrudas nos anos 20. O concreto armado, material resistente e de baixo custo entre outras qualidades era a grande novidade da época nas construções de Belo Horizonte e que proporcionou a verticalização da área central a partir dos anos 1930.
Desde a inauguração da capital a Prefeitura procurou construir, na medida do possível as pontes necessárias para a transposição dos Córregos que cortavam a capital, construindo inicialmente pontes sobre os Córregos do Acaba Mundo, Serra e Leitão, nas proximidades de sua foz no Arrudas. Posteriormente a Prefeitura deu inicio nos anos 20 a uma grande empreitada visando à construção e substituição de várias pontes existentes nas áreas urbana e suburbana, muitas delas ainda de madeira e que frequentemente apresentavam problemas no período das chuvas.
Na foto acima, ao fundo vemos uma dessas primitivas pontes que existiu sobre o Arrudas e que ligava a Rua da Bahia a Rua Januária na Floresta, e estava inacabada até essa época. Feita em arco circular de tijolos ela possuía, até o inicio dos anos 20 apenas nove metros de largura.

A mesma Ponte já pronta.
Fonte: APM

Prova de carga na Ponte da Avenida do Contorno durante a sua construção.
Fonte: APM

Na foto abaixo vemos a construção do Viaduto sobre a Linha Férrea na Avenida do Contorno, nas proximidades do cruzamento da Avenida dos Andradas, na divisa dos bairros Floresta e Santa Tereza. A regularização da Avenida do Contorno foi uma das prioridades da Municipalidade nos anos 20 e 30, visando melhorar a infra-estrutura urbana devido a continua ocupação do seu entorno, principalmente na Zona Suburbana.

Obras do Viaduto sobre a Linha Férrea na Avenida do Contorno nas proximidades do Frigorífico Perrela.
Fonte: APM

Trabalhos de calçamento da Avenida Carandaí. A direita podemos ver parte da Usina de Gás Pobre que existiu nesse quarteirão, atualmente ocupados por edifícios comerciais e residenciais.
Fonte: APM

Calçamento concluído da Avenida Carandaí na esquina com Avenida Afonso Pena.
Fonte: APM

As fotos acima mostram os trabalhos de calçamento com paralelepípedos de granito realizado na Avenida Carandaí nos anos 20 (nos anos 10 chamava-se Av. Silviano Brandão). Os serviços de calçamento eram considerados prioritários pelos Prefeitos da capital desde a sua fundação tendo diminuído no final da década de 1910 devido a crise econômica gerada pela Guerra. A falta de pavimentação das ruas gerava problemas sérios relacionados ao escoamento das águas pluviais e ao trânsito de pedestres que frequentemente se viam obrigados a saltar as valas que se formavam devido as chuvas. Inicialmente a Prefeitura utilizou o sistema de macadamização das ruas com cascalhos retirados nas proximidades das vias que eram calçadas e das áreas que eram desmontadas e terraplanadas na Zona Urbana. Posteriormente, com o aumento do tráfego de pedestres e de veículos as principais ruas da capital foram calçadas com paralelepípedos e mesmo asfaltadas, como podemos ver nas fotos abaixo.

Pavimentação da Avenida Paraúna, atual Getulio Vargas nas proximidades da Praça ABC, no cruzamento da Avenida Afonso Pena.
Fonte: APM

Calçamento na mesma Avenida, em frente ao Grupo Escolar Barão do Rio Branco.
Fonte: APM

Calçamento em macadame na Rua Professor Morais, antiga Rua Paraibuna, no cruzamento desta com a Rua Antônio de Alburqueque ainda de terra, como podemos ver à esquerda da foto.
Fonte: APM

Calçamento da mesma rua, na esquina da Rua Tomé de Souza. Ao fundo um rolo compactador e operários trabalhando no calçamento em outro trecho. A esquerda a mureta do Córrego do Acaba Mundo, canalizado poucos anos antes deste registro fotográfico.
Fonte: APM

Podemos observar também a reforma dos passeios que foram alargados e consertados nesse período nas áreas mais movimentadas da capital. A Prefeitura iniciava então o processo de regularização de ruas, praticamente paralisado desde a extinção da Comissão Construtora. A ineficiência desses serviços nos primeiros anos de Belo Horizonte permitiu a construção e a abertura de inúmeras ruas contrárias do que foi planejado pela Comissão Construtora, um assunto que será discutido nos próximos artigos.

Rios Invisíveis da Metrópole Mineira

gif maker Córrego do Acaba Mundo 1928/APM - By Belisa Murta/Micrópolis